Políticas de Trump Brasil 2025
$
¥
£
$

As Políticas de Trump e a Reconfiguração da Ordem Comercial Global

Implicações e Respostas para o Brasil

Bruno Mota Lopes
Bruno Mota Lopes

As medidas protecionistas de Donald Trump representam uma reorientação estrutural da economia americana, caracterizada por políticas de "empobrecer vizinhos" que transcendem disputas bilaterais e redefinem a dinâmica do comércio global. Suas tarifas de 25% sobre aço, alumínio e setores estratégicos operam como um equilíbrio subótimo, onde cada 1% de aumento em barreiras comerciais reduz o PIB global em 0,5%, com perdas concentradas em países de renda média como o Brasil.

O custo para os próprios Estados Unidos é significativo: inflação estrutural de 8-12% em setores intensivos, enquanto famílias americanas de baixa renda gastam 6,2% a mais em bens tarifados. A fragmentação sistêmica acelera o fim da "hiperglobalização", forçando empresas a realocarem produção para hubs regionais, aumentando custos logísticos em 15-20%. A OMC registra 42 disputas comerciais ativas em 2025, sinalizando colapso da governança multilateral.

Para o Brasil, este cenário expõe a armadilha da dependência primária: 65% das exportações ainda são commodities, replicando a maldição de Prebisch-Singer. A relação sino-brasileira ilustra o paradoxo do desenvolvimento assimétrico, onde a inundação de manufaturados chineses destrói empregos industriais brasileiros, mas oferece oportunidades estratégicas em cadeias de valor asiáticas e parcerias tecnológicas em IA e energias renováveis.

As estratégias brasileiras incluem diversificação de mercados para América do Sul e Ásia (2-5 anos), investimentos em tecnologia e digitalização (3-5 anos), e reformas tributárias e regulatórias (2-4 anos). Os cenários prospectivos apontam para 60% de probabilidade de estagnação global, mas 30% de chance de adaptação através de novo regionalismo sul-americano e política industrial 4.0 focada em bioeconomia e hidrogênio verde.

A conclusão é clara: as políticas de Trump expõem a insustentabilidade do modelo brasileiro de inserção passiva na globalização. A saída requer coalizões sul-sul, compacto social produtivo vinculando reformas a investimentos em CT&I (meta: 2,5% do PIB em P&D até 2030), e governança de riscos sistêmicos com fundos soberanos para hedge cambial. O Brasil deve redefinir seu papel na economia mundial não como price-taker, mas como arquiteto de novas institucionalidades pós-hegemônicas. O custo da inação é a perpetuação do subdesenvolvimento.