O cenário dos investimentos no Brasil

O panorama dos investimentos no Brasil em 2024 revela um cenário paradoxal: enquanto o volume total investido disparou para R$ 7,3 trilhões (crescimento de 12,6%), o número de investidores permaneceu estável devido aos juros elevados e ao alto endividamento das famílias brasileiras.

A distribuição dos investidores ainda reflete a desigualdade social do país. Mais da metade dos brasileiros das classes A/B investe, enquanto na classe C esse percentual cai para pouco mais de um terço, e nas classes D/E apenas uma em cada cinco pessoas consegue investir. As principais motivações são retorno financeiro (33%), segurança (23%) e facilidade (14%).

Do ponto de vista geracional, os Millennials lideram com 39% de investidores, seguidos pela geração X e boomers (37% cada). A geração Z, apesar de menor participação (35%), é pioneira no uso de meios digitais e criptomoedas. O crescimento dos bancos digitais é notável, com 40% dos brasileiros já possuindo conta, embora os bancos tradicionais ainda concentrem 69% das relações bancárias.

O cenário social preocupa: 76,7% das famílias estão endividadas, sendo 13% inadimplentes - o maior índice da série histórica. Mais da metade da população relata alto estresse financeiro, e um dado alarmante é que 14% da população apostou online em 2023, com muitos confundindo apostas com investimentos.

Para 2025, as perspectivas são otimistas. Cerca de 18 milhões de brasileiros pretendem começar a investir, podendo elevar o índice para 39% da população. Com a Selic projetada em 12,6% e inflação controlada em 4,4%, o ambiente favorece investimentos em renda fixa. A tendência aponta para maior diversificação das carteiras, com crescimento dos fundos ESG, previdência privada e criptomoedas, especialmente entre os mais jovens. A educação financeira será fundamental para transformar esse potencial em realidade e garantir decisões mais conscientes no mercado de investimentos brasileiro.